Ali Fakhru, diplomata de Bahrein, ex-ministro da Saúde e Educação e membro da Organização Anticorrupção Árabe comenta a ruptura de relações diplomáticas com Qatar.
Em comentário para a Sputnik Árabe, o diplomata disse que ainda é cedo para falar dos resultados do terremoto político que sacudiu os países do golfo Pérsico na manha desta segunda-feira (5), porque muita coisa ainda não está clara.
“Nos próximos dois dias a situação vai esclarecer. Neste período, Qatar pode responder à ruptura de relações diplomáticas em massa. Vamos ver o envolvimento de forças estrangeiras na situação regional.”
A situação é delicada, principalmente, para os cidadãos do Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Bahrein que vivem em Qatar, bem como para os catarianos que trabalham nos EAU e na Arábia Saudita, afirma o diplomata.
“Há possibilidade de que forças estrangeiras queiram romper a unidade árabe e o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG). Precisamos nos perguntar sobre o papel de Israel, que quer destruir poderosas organizações árabes, especialmente o CCG, pois ela pode ser considerada o último poder unido do mundo árabe”, explicou o diplomata.
No dia 5 de junho, seis países árabes, começando com Bahrein, declararam ruptura de relações diplomáticas com Qatar. Depois de Bahrein, a decisão foi tomada pela Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen e Líbia. Posteriormente, Maldivas seguiram a mesma ação de ruptura de relações. Tal decisão drástica é explicada pelo suposto apoio prestado por Doha ao terrorismo. Bahrein também suspendeu a comunicação aérea e marítima entre Manama e Doha, proibindo que seus cidadãos visitem Qatar e vice-versa. Por sua vez, Qatar nega as acusações.
TSF: Duas companhias aéreas do Dubai e uma da Arábia Saudita anunciaram a suspensão dos voos para o Qatar, a partir desta terça-feira, na sequência do corte de relações diplomáticas entre quatro países árabes e o Qatar. Em resposta, a Qatar Airways suspendeu todos os voos para a Arábia Saudita.
Já o Egito, que também cortou relações diplomáticas com Doha, anunciou o encerramento das fronteiras “aéreas e marítimas” com o Qatar que, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio, “insiste em adotar um comportamento hostil em relação” ao Cairo.
O Bahrain, o Egito, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, a Líbia e o Iémen anunciaram hoje o corte de relações diplomáticas com o Qatar, devido às relações que mantém com o Irão e que acusam de apoiar grupos extremistas islâmicos.
A Arábia Saudita afirmou querer “proteger a sua segurança nacional dos perigos do terrorismo e do extremismo”, enquanto o Bahrein sustentou a sua decisão acusando Doha de “minar a segurança e estabilidade” do país e de “interferir nos seus assuntos” internos.
“A Arábia Saudita tomou esta medida decisiva devido à série de abusos por parte das autoridades de Doha ao longo dos últimos anos (…), por incitar à desobediência e prejudicar a sua soberania”, afirmou um responsável saudita, citado pela agência noticiosa oficial SPA.
Além disso, prosseguiu, “o Qatar acolhe diversos grupos terroristas para desestabilizar a região, como a Irmandade Muçulmana, o Daesh”.
O Bahrein, por seu turno, culpou o Qatar pelo “incitamento dos ‘media’, apoio a atividades terroristas armadas e financiamento ligado a grupos iranianos para levar a cabo atos de sabotagem e semear o caos no Bahrein”.
Na mesma linha, o Egito, também por via de um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros, justificou o rompimento de relações com o Qatar acusando-o de apoiar “o terrorismo” e de “insistir em adotar um comportamento hostil relativamente ao Egito”.
O governo do Qatar ainda não respondeu ao rompimento de relações diplomáticas anunciado pelo Bahrein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Líbia e Iémen.
Todas as nações anunciaram ainda a retirada dos diplomatas do Qatar dos seus territórios, a par com planos para cortar as ligações aéreas e marítimas, sendo que a Arábia Saudita deu ainda conta de que também pretende encerrar a sua fronteira terrestre com o Qatar, deixando-o o efetivamente isolado do resto da península arábica.
Neste âmbito, desconhece-se também de que forma a medida vai afetar a transportadora Qatar Airways, uma das maiores companhias de longo curso da região, que cruza frequentemente o espaço aéreo saudita, a qual também ainda não comentou os anúncios.
Na sequência dos anúncios de corte de relações diplomáticas, a coligação internacional liderada pela Arábia Saudita que intervém no Iémen anunciou a exclusão do Qatar devido ao “seu apoio ao terrorismo”.
Além da Arábia Saudita, Bahrein, Egito, Emirados Árabes Unidos, integram a coligação internacional a Jordânia, Kuwait, Marrocos, Paquistão e Sudão.
Este sismo diplomático tem lugar 15 dias depois de uma visita a Riade do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o qual pediu aos países muçulmanos para agirem de forma decisiva contra o extremismo religioso.
Estes desenvolvimentos representam um grave revés para o Qatar que, independentemente do seu papel regional, vai acolher o Mundial de Futebol de 2022.
Etihad Airways, dos Emirados Árabes Unidos, suspende voos de e para Qatar
A companhia aérea Etihad Airways, dos Emirados Árabes Unidos, anunciou hoje a suspensão dos seus voos de e para o Qatar, pouco depois de Abu Dhabi ter anunciado o corte de relações diplomáticas com Doha.
Em comunicado, a Etihad Airways indicou que a medida vai entrar em vigor na terça-feira “até nova ordem”, numa altura em que Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Bahrein decidiram fechar “em 24 horas” o seu espaço aéreo e as suas fronteiras terrestres e marítimas com o Qatar, acusado de apoiar o terrorismo.
A transportadora indica que vai propor aos seus passageiros “outras opções”, incluindo o reembolso total dos bilhetes de avião.
A Etihad Airways “lamenta o incómodo causado pela suspensão”, indicou a companhia no mesmo comunicado.
Qatar não encontra “justificação legítima” para corte de relações de quatro países
O ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar afirmou “não haver uma justificação legítima” para o rompimento de relações diplomáticas anunciado por parte da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito.
Estas medidas são “injustificadas” e “sem fundamento”, reagiu o ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, em comunicado, considerando que têm um “objetivo claro: colocar o Estado [do Qatar] sob tutela, o que constitui uma violação da sua soberania” e é “totalmente inaceitável”.