Dele, afirmou Carlos Drumond de Andrade: tem “olhos perscrutadores, mas dotados de simpatia e compreensão”.
Jorge Medauar foi fundador do Sindicato dos Escritores de São Paulo, que, nos anos do arbítrio foi um dos núcleos do esforço pela liberdade de expressão e organização em nosso país.
Suas histórias trazem o colorido e a força daqueles ancestrais que o trouxeram ao mundo como um brasileiro de origem árabe, mais precisamente da milenar civilização síria, como recita este poema:
Sabei, sabei que fiz de antigos cedros
Barcos que a infância pôs à flor das ondas:
Meu pai, que é Medauar, teceu-me as velas
E a filha dos Zaidans, que é minha mãe,
Pôs amoras de mel no tombadilho.
Nesse barcos navego, marinheiro
Fenício do Zodíaco e dos trópicos
Vermelhos de lamento e de canção
(…..)
Medauar recebe seu primeiro grande reconhecimento com o Prêmio Jabuti de 1959 (o primeiro de uma série daquele que é o prêmio literário mais reconhecido do país), com “Água Preta” (menção ao povoado onde nasceu, ao sul da Bahia), na categoria Contos, concedido no mesmo ano a seu conterrâneo, Jorge Amado, na categoria romance.
Denominado por José Lins do Rego de o “poeta da fúria heroica”, Medauar tomou as ruas para exigir que o Brasil entrasse na luta contra o nazismo, celebrar a vitória em Stalingrado e questionar os ataques à União Soviética.
O Sindicato dos Escritores trará à tona esta obra no dia 6 de fevereiro, quinta-feira, 20 horas, no Centro Cultural Árabe Sírio, em sua nova sede, na Rua dos Ingleses, 149, no Bexiga, próximo ao Teatro Ruth Escobar.
Aí fica o nosso convite para o contato com um dos expoentes literários saudado por (entre tantos outros) Glauber Rocha, Tristão de Ataíde, Rubem Braga, Gilberto Amado, Orígenes Lessa e Antônio Cândido.
O evento é uma parceria com o CCAS e não apenas um empréstimo de espaço como dá a entender a matéria.