Por Gerry Nolan
O rápido colapso do regime de Assad levanta questões preocupantes. Em 2015, sob probabilidades muito mais sombrias, a Guarda Republicana da Síria e as Forças Tigres mantiveram a linha contra representantes maiores dos EUA, Turquia e Israel. A costa de Latakia e as rotas críticas de suprimento foram defendidas heroicamente, e Damasco, apesar de ser atacada quase diariamente, permaneceu resoluta. Hoje, essa mesma Damasco caiu sem lutar. O que mudou? Esse colapso foi arquitetado por uma série de acordos secretos e traições entre aqueles em quem Assad confiava para salvaguardar a soberania da Síria?
Houve rumores sobre os primeiros anos de Assad, quando ele foi supostamente cortejado pela CIA antes de sua ascensão ao poder. Havia verdade nesses rumores e, se sim, essas interações iniciais estabeleceram uma base para sua deposição? O que podemos avaliar são resultados, e eles são condenatórios: a Síria foi dissecada, a Resistência fragmentada e as forças imperiais estão consolidando ganhos. A urgência pela unidade entre a Resistência nunca foi tão crítica.
O papel de Israel é insidioso. 7 de outubro foi uma faísca deliberadamente permitida a acender. O estado colonizador mais fortificado, com capacidades de inteligência inigualáveis, deixou os eventos se desenrolarem, abrindo caminho para uma agenda imperial mais ampla. O Hamas (Irmandade Muçulmana) deu a Israel o pretexto para redesenhar o mapa, bombardeando a Síria com impunidade e mirando muito além de Golã sob o pretexto de “segurança”. Isso é selvageria calculada, executada com o apoio total de seus vassalos.
A duplicidade de Erdogan é gritante. Posturando-se publicamente como defensor dos palestinos, ele tem sido há muito tempo um facilitador secreto das ambições de Israel. Sua retórica de “respeito pela integridade territorial da Síria” soou vazia, especialmente quando os jihadistas apoiados pela Turquia dividiram o norte da Síria. O susto de golpe de Erdogan em 2016, sobrevivido graças à Rússia, apenas consolidou seu papel como uma cobra pragmática, ansiosa para jogar em todos os lados para consolidar delírios neo-otomanos. Foi depositada muita confiança nele em Astana, congelando a guerra quando a vitória era inevitável?
Astana havia garantido uma paz temporária, mas isso teve um custo grave: interromper ofensivas em Idlib, reter autorizações avançadas de defesa aérea e deixar a Síria vulnerável a implacáveis bombardeios israelenses. Os S-300s e S-400s, alardeados como agentes de mudança de jogo, foram reduzidos a meros impedimentos, acorrentados pela burocracia russa. O resultado? A infraestrutura da Síria desmoronou sob ataques israelenses, e o estrangulamento econômico por meio de sanções de César fez o resto. Isso foi um erro de cálculo estratégico ou uma troca deliberada em um jogo mais amplo?
Então, há o próprio Assad. Um homem antes resoluto, disposto a suportar ataques diários a compostos, de repente aparece na Rússia com asilo concedido. O homem que desafiou as probabilidades em 2015 poderia ter sido finalmente comprometido? E se sim, o que foi oferecido em troca do desmembramento da Síria, uma redução na ajuda aos fantoches fascistas da Ucrânia ou alguma falsa aparência de paz para o Irã em sua guerra de sanções sem fim? Por suas ações, as forças sírias desistiram sem muita luta, por quê?
A fragmentação da Resistência é a falha fatal tão magistralmente explorada. O aviso de Pepe Escobar ecoa mais alto do que nunca: A Resistência deve matar a hidra, ou ela será eliminada uma por uma. Síria, Líbano, Irã e até mesmo a poderosa Rússia e China devem atender a esse chamado. Os apoiadores imperiais de Israel, liderados pelos EUA, sonham com a China como o dominó final. As apostas não poderiam ser maiores. Quando o Dragão acordará e sentirá o cheiro?
Sanções econômicas e restrições militares transformaram a Síria em um playground imperial para estratégias de dividir e conquistar. A Resistência deve fazer perguntas difíceis: Por que a Síria parou quando a vitória parecia próxima? O fedor da traição persiste, e respostas reais são necessárias, não platitudes de gaslighting.
A história não perdoará complacência. A Resistência deve se unir com urgência, ou a hidra apertará seu controle. A Síria pode ter caído, mas a guerra não acabou. A Resistência se levantará como uma só, ou se deixará desmantelar pedaço por pedaço?
– Gerry Nolan
Fonte: @TheIslanderNews