Prof. JEFFREY SACHS
Em dezembro de 1991, quando a União Soviética acabou, os ‘estrategistas’ americanos — se é que você pode chamá-los assim; é um tipo de eufemismo porque eles dificilmente são bons em estratégia — disseram: ‘Estamos sozinhos. Somos o país mais poderoso da história do mundo. Somos mais poderosos que o Império Romano. Somos a única superpotência do mundo. Podemos fazer o que quisermos.’…
Então essa era a mentalidade, e trapaça acompanha essa mentalidade — a arrogância do poder… Então, para encurtar a história: sim, os Estados Unidos começaram a se expandir.
Zbigniew Brzezinski, um desses estrategistas, explicou muito claramente em 1997, em seu livro The Grand Chessboard, por que a Rússia seria incapaz de resistir. Em um capítulo meticulosamente elaborado, ele fez a pergunta: E se os EUA pressionarem a OTAN? E se a Europa continuar se expandindo para o leste, aglomerar a Rússia, cercar a Rússia — o que a Rússia pode fazer?
Brzezinski perguntou se a Rússia poderia resistir ou se teria que ceder, e concluiu que a Rússia não teria escolha. Ele chegou à conclusão, por exemplo, de que a Rússia nunca formaria uma aliança com a China. Ele também concluiu que a Rússia nunca formaria uma aliança com o Irã.
Você sabe, ok, teóricos — isso é jogar. Ele comparou o mundo a um tabuleiro de xadrez.
A propósito, o mundo não é um tabuleiro de xadrez; não é um jogo de pôquer. É a vida real de oito bilhões de pessoas.
Os estrategistas americanos são treinados na teoria dos jogos, que, por si só, em seu nome, entrega tudo. Eles tratam o mundo como um jogo — blefe, aumento, call — como se fosse uma partida de pôquer.
E sabe de uma coisa? Eles usaram a vida de outras pessoas para fazer isso.
Eles aumentaram as apostas com Putin: ‘Nós aumentamos você.’
Mas de quem eram as vidas que eles estavam apostando na mesa?
As vidas ucranianas. Huh, não é um bom show.”