A Primeira Guerra comercial mundial não opõe apenas os Estados Unidos ao resto do mundo. É também uma luta no seio do capitalismo norte-americano : se alguns super-milionários ganham com ela, outros perdem. Assim, não se deve tirar conclusões muito depressa sobre os meandros deste conflito.
Na lista de multimilionários do mundo, redigida pela revista Forbes, há este ano um pouco mais de 3. 000 pessoas com um património total de 16 bilhões de dólares, 2 bilhões a mais do que no ano passado, um valor total que ultrapassa o PIB individual de todos os países do mundo, à exceção dos Estados Unidos e da China. Nesta base a Forbes publica duas listas específicas : a de 15 multimilionários, entre os quais 13 americanos, com um património de mais de 100 bilhões de dólares; e a dos 10 multimilionários da Administração Trump.
Além disso, o Presidente Trump convocou para a Casa Branca os líderes das principais empresas de criptomoedas anunciando que os Estados Unidos serão «a superpotência dos Bitcoins» : para este fim deu ordem para instituir uma «reserva estratégica de Bitcoins», a criptomoeda mais importante. Ao mesmo tempo fez um acordo com a BlackRock, o maior fundo de investimentos com capital de 10 bilhões de dólares : a BlackRock pagará 23 mil milhões de dólares para comprar mais de 40 portos no mundo inteiro, entre os quais os das extremidades do Canal Panamá pertencentes ao bilionário chinês de Hong Kong, Victor Li Tzar-kuoi. Trump abre assim, além da «guerra das tarifas (aduaneiras)», a «guerra dos portos» contra a China.
Estes fatos, e outros, que documentamos na revista de imprensa descrevem um cenário muito mais complexo do que aquele que é normalmente apresentado. Antes de mais, o fato de a «guerra de tarifas» lançada por Trump atingir também grandes grupos económicos norte-americanos : entre estes, a Apple, a qual utiliza componentes provenientes do mundo inteiro, montados principalmente na China. Está assim em curso um confronto nos próprios Estados Unidos entre grandes grupos económicos e de poder. A nível internacional, com a «guerra das tarifas», a Administração Trump visa reforçar o seu predomínio no Ocidente e concentrar o ataque de potências ocidentais, além de contra a Rússia, contra a China que aos olhos de Washington deve ser ainda mais temida pelos interesses hegemónicos norte-americanos.
Com as tarifas dos EUA sobre as importações da China aumentados em 54%, o custo de produção de um iPhone 16 Pro sobe de $ 550 para $847 dólares.
«A Apple utiliza componentes provenientes do mundo inteiro, montados principalmente na China, onde a produção eletrônica foi aperfeiçoada ao longo de uma geração. Deslocar apenas o processo de montagem para os Estados Unidos não é económico, nem fácil. Por causa disso, a Apple viu cair o valor das suas ações cerca de 25% em três dias e perdeu o seu estatuto de empresa líder mundial em termos de rendimento».
Breve resumo da revista de imprensa internacional Grandangolo Pangea, de Sexta-Feira, 11 de Abril de 2025, no canal de TV Byoblu
Alva