Uma breve reflexão sobre o martírio do Imam Al-Hussein e os eventos atuais no Oriente Médio

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Por Anwar Assi
Esta quarta-feira, dia 17 de julho de 2024, coincide com o dia 10 do mês de Muharram (o primeiro do calendário lunar islâmico) do ano 1446 da Hégira, data que marca o martírio do Imam Al-Hussein, neto do profeta Muhammad (Que a paz de Deus esteja com ele, sua purificada descendência e seus fiéis companheiros).
O dia 10 de Muharram é conhecido pelo nome de Ashura, que deriva da palavra A’shra (dez, em árabe). O termo Ashura é usado, portanto, para designar o décimo dia do mês sagrado de Muharram do ano 61  da Hégira (680 d.C.), data do martírio de Al-Hussein e outras 72 pessoas, entre parentes e companheiros do neto do profeta Muhammad, na terra de Karbala, situada no atual Iraque, numa batalha desigual contra as injustiças e a opressão da época encarnadas pelo tirano Yazid Ibn Muauya, que comandou um exército de milhares de soldados para massacrar o Imam e seus apoiadores que se recusavam a aceitá-lo como líder dos muçulmanos.
Praticamente todas as escolas de Jurisprudência Islâmica, incluindo as sunitas, estão de acordo quanto ao caráter déspota de Yazid, que era conhecido por ser tirano, corrupto e praticar atos anti islâmicos. Portanto, Yazid jamais poderia governar a então recém-nascida Nação Islâmica (Al Ummah Islamiyah), surgida em 610 d.C. a partir da pregação do profeta Muhammad, avô do Imam Al-Hussein e de sua irmã Zeinab (A.S.), testemunha ocular responsável por relatar ao mundo o ocorrido naquela fatídico dia 10 de Muharram do ano de 680 d.C.
Apesar de ter ocorrido há 1344 anos, a “Batalha de Karbala” e o martírio do Imam Al-Hussein ainda impactam o mundo até os dias de hoje.
Na época da Ashura, milhões de pessoas – inclusive não muçulmanos que conhecem a importância deste episódio que simboliza a luta contra a opressão -, realizam em todos os cantos do planeta, entre outras ações, procissões de rua, peças teatrais, palestras, declamação de poemas e entoações de cânticos tristes, além de promoverem as chamadas assembleias de lamentações (majelis a’azai), reuniões onde é narrada e contextualizada de forma dramática toda a história que resultou no massacre de Karbala e o martírio do Imam Al-Hussein, de seus familiares e companheiros que permaneceram ao seu lado até o final. Alguns mais exaltados chegam a se autoflagelar num ato que vem perdendo força diante dos insistentes pedidos dos líderes religiosos islâmicos para que essa prática não seja mais realizada, substituindo-as por doações de sangue.
Neste ano de 2024, a Ashura tem uma importância especial, pois coincide com um dos momentos mais cruciais para muçulmanos e árabes do Oriente Médio – incluindo os de fé cristã e judaica (particularmente os antissionistas) -, em especial, os povos do Líbano, da Palestina e da Síria, todos vítimas de guerras e políticas genocidas levadas a cabo pelas atuais potências mundiais – lideradas pelo governo dos Estados Unidos -, por meio de seus jagunços sionistas do regime colonialista e genocida de Israel.
Da mesma forma que o Imam Hussein se recusou a prestar fidelidade aos opressores de sua época, os povos do Oriente Médio da atualidade, principalmente os nativos da região do Levante (Bilad As-Sham), recusam as injustiças impostas a eles por meio da morte em massa de civis, massacres, torturas, ocupação de terras, roubo de riquezas e genocídio aberto cometidos pelas mãos opressoras dos Estados Unidos e de seus aliados, que, cinicamente, posam de defensores dos direitos humanos.
Cabe aos povos do Levante compreenderem a mensagem da Ashura e aprenderem os ensinamentos deixados pela Batalha de Karbala. Que a luta do Imam Al-Hussein em busca da justiça não tenha sido em vão e que seu brilho ilumine as pessoas nos dias atuais no caminho da paz no mundo.
Assalam aleiqom!

Anwar Assi, jornalista brasileiro, colaborou com jornais libaneses, como o The Daily Star,  única publicação impressa em idioma inglês no Líbano

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